Assim que nasce, o bebê realiza sua primeira respiração por conta própria. Esse ato pode parecer natural para quem já está acostumado, mas para um recém-nascido, nem sempre esse movimento de puxar o ar para os pulmões e soltar, se dá como o esperado. Quando o oxigênio não chega em quantidade suficiente, pode ocorrer a hipóxia neonatal, uma condição grave que, se não for diagnosticada e tratada corretamente, pode levar ao óbito ou causar sequelas permanentes.

A hipóxia pode surgir antes, durante, após parto ou até mesmo logo após o nascimento. Em todos os casos, o fornecimento adequado de oxigênio é fundamental, pois ele sustenta as funções vitais do organismo. Sem oxigênio suficiente, órgãos essenciais como cérebro, coração, rins e fígado podem ser comprometidos, aumentando o risco de complicações imediatas e problemas de desenvolvimento a longo prazo.

Diferença entre hipóxia e asfixia neonatal

É comum confundir os termos hipóxia e asfixia, mas eles não são sinônimos.

  • Hipóxia neonatal é a redução do fornecimento de oxigênio ao organismo do bebê. Não se trata de ausência total, mas sim de um nível insuficiente para manter o funcionamento adequado das células.
  • Asfixia neonatal é uma condição ainda mais grave, caracterizada pela interrupção quase total ou total do suprimento de oxigênio. Normalmente está relacionada a problemas como obstrução das vias aéreas, falhas na respiração do bebê ou complicações severas durante o parto.

Principais causas da hipóxia neonatal

A hipóxia pode ter diferentes origens, e entender suas causas ajuda na prevenção. Entre as mais frequentes estão:

  • Durante a gestação: doenças maternas como hipertensão, diabetes, infecções ou problemas na placenta, que podem prejudicar o fluxo de oxigênio para o bebê.
  • No trabalho de parto: complicações como o descolamento prematuro da placenta, compressão do cordão umbilical, circular de cordão no pescoço ou trabalho de parto muito prolongado, resultando em redução da oxigenação.
  • Após o nascimento: casos de prematuridade, aspiração de mecônio (inalação de fezes dentro do útero) ou dificuldades respiratórias próprias do recém-nascido.

Como identificar sinais de hipóxia no bebê?

Os sinais clínicos variam conforme a gravidade e o tempo de exposição à falta de oxigênio, mas alguns indícios comuns incluem:

  • dificuldade para respirar ou ausência de movimentos respiratórios;
  • choro fraco ou inexistente;
  • pele azulada ou pálida (cianose);
  • movimentos pouco ativos, bebê flácido;
  • batimentos cardíacos mais lentos do que o esperado.

Para auxiliar no diagnóstico, os profissionais de saúde utilizam o Apgar, uma escala de avaliação aplicada no primeiro e no quinto minuto de vida, que analisa respiração, frequência cardíaca, tônus muscular, reflexos e cor da pele. Um escore baixo pode indicar sofrimento e a necessidade de intervenção imediata.

Complicações e possíveis sequelas

A gravidade da hipóxia depende de dois fatores principais: o tempo de duração e a intensidade da falta de oxigênio. Quanto mais prolongado, maiores os danos.

  • No cérebro: pode causar a encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI), condição que pode resultar em paralisia cerebral, dificuldades de aprendizagem, atraso no desenvolvimento e convulsões.
  • No coração: pode gerar arritmias e comprometimento da função cardíaca.
  • Nos rins e no fígado: pode prejudicar o funcionamento desses órgãos, levando a complicações metabólicas importantes.

Como é o tratamento para a hipóxia neonatal

  • Reanimação neonatal: aplicada imediatamente após o parto, quando necessária, inclui ventilação assistida, administração de oxigênio e técnicas de suporte à circulação. O objetivo é restaurar rapidamente a respiração e a oxigenação do bebê, prevenindo danos aos órgãos vitais.
  • Hipotermia terapêutica: consiste em resfriar a temperatura do bebê por cerca de 72 horas. Essa técnica reduz a atividade metabólica do cérebro, limitando a morte celular e ajudando a minimizar sequelas neurológicas.
  • Monitoramento neurológico: envolve avaliações ininterruptas da função cerebral para detectar alterações precoces e orientar intervenções médicas.
  • Suporte intensivo em UTI neonatal: inclui controle rigoroso das funções vitais, como respiração, pressão arterial e glicemia, além do uso de medicamentos específicos para estabilizar o bebê.

Os pais também são parte fundamental do tratamento da hipóxia na UTI neonatal. Estar presente em momentos como, troca de fraldas, no contato pele a pele, deixando o pequeno ouvir as vozes da sua família e também na amamentação, ajuda a regular a temperatura corporal, estabilizar a frequência cardíaca e respiratória, estimular a digestão e maturar o sistema neurológico. Além disso, ajuda a criar um vínculo afetivo, fazendo com que o recém-nascido se sinta acolhido e seguro.

É possível prevenir a hipóxia neonatal?

Nem todos os casos podem ser evitados, mas há medidas importantes que reduzem os riscos:

  • Pré-natal de qualidade: acompanhamento regular da gestante para detectar e tratar doenças como hipertensão e diabetes;
  • Assistência especializada no nascimento, com equipes treinadas para reanimação neonatal
  • Cuidados pós-parto imediato: observação atenta do bebê nas primeiras horas de vida, período crítico para identificar complicações.

Esperança como ação

Ninguém espera receber a notícia de que o bebê foi diagnosticado com hipóxia neonatal. O esperado é que no dia de nascimento de um filho tudo corra bem, ele venha ao mundo chorando, com tônus, com cor e respirando a plenos pulmões. Por diversas razões nem sempre as coisas saem como planejado.

Mas é importante saber que, se isso acontecer, existem profissionais de saúde preparados para lidar com possíveis intercorrências, hospitais com infraestrutura para receber pacientes com alta complexidade, protocolos e ciência para mostrar que situações difíceis podem ser transformadas, com o melhor tratamento no tempo certo.

Por isso o Instituto Protegendo Cérebros & Salvando Futuros está à frente da campanha Setembro Verde Esperança, uma ação coletiva que tem o objetivo de informar e conscientizar a todos sobre a Asfixia Perinatal, uma condição de saúde grave, relacionada à hipóxia, que afeta mais de 20 mil recém-nascidos no Brasil anualmente e é a terceira causa de morte neonatal no mundo. Caso não seja identificada e tratada, a asfixia neonatal pode deixar sequelas irreversíveis.

O Setembro Verde Esperança se baseia em quatro pilares para prevenir e tratar a asfixia perinatal:

1º Realização de um pré-natal de qualidade, com acompanhamento médico e identificação de riscos

2º Assistência especializada no nascimento, com equipes treinadas para reanimação neonatal

3º Acesso a cuidados avançados em UTIs, como monitoramento cerebral, hipotermia terapêutica e suporte multidisciplinar

4º Acompanhamento pós-alta, com reabilitação e avaliações periódicas para favorecer o desenvolvimento saudável do bebê.

O lema da campanha é “Eu Respiro a Vida” e convida todos a se juntarem a nós nessa campanha em prol da vida. Compartilhe você também essa ideia e juntos vamos transformar esperança em ação.

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